segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Heresia jurídica


Hesitei muito antes de registrar minhas impressões pessoais a respeito do caso da adolescente que foi presa por aproximadamente 26 dias, numa delegacia de Abaetetuba, no Pará, arrodeada de animais estupradores, que a violaram física e mentalmente durante todo esse período.
Ao ler hoje uma reportagem em um períodico online, veio a confirmação mais funesta que todos tinham certeza pessoal, mas ainda carente de confirmação por dados públicos.
A verdade é que todos naquele Estado, sabiam das desumanas condições existentes não apenas na delegacia daquela cidade, mas como em várias outras. Até mesmo membros do Tribunal de Justiça conheciam os fatos narrados que chegaram a conhecimento do público.
Ora, se o próprio Tribunal tinha conhecimento, isso significa dizer que a Governadora sabia, o Ministério Público também, assim como a OAB e toda a sociedade e instituições conhecidas como defensoras dos direitos difusos e coletivos.
Me causa asco, me remove as entranhas coabitar, ser da mesma espécie genética desse tipo de ser vivo.
O título do post justifica minha indignação. A pobre Thêmis, juntamente com a menor de idade, foi igualmente violentada todos os dias, a qualquer hora, não apenas por aqueles marginais, anencéfalos, mas por outros que não procedência a violência, com braços, mãos, pênis ou qualquer outro objeto, tomaram emprestado a venda da Deusa da Justiça e a aproveitaram para si. Essa, talvez, tenha sido a maior violência, porque não foi praticada apenas contra a criança, mas contra toda uma sociedade, contra a própria humanidade.
Ah, a foto da Thêmis não está errada, já lhe tomaram a venda, e a balança. Perdeu-se no tempo, e com os homens.

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