No sábado à noite, dia 25.11.2007, por volta da meia-noite, estava subindo a av. Santos Dumont, direção praia - centro, quando pude observar um veículo, batido junto a um poste, com três garotas, desorientadas, pelo lado de fora.
Preocupado com o adiantado da hora e o local, um dos mais periogosos de Fortaleza, parei, receoso, para prestar algum tipo de auxílio.
Um rápido diálogo com as meninas, estavam aparentemente bem e, tentei ligar diversas vezes para o 190, na intenção de avisar a polícia e pedir uma ambulância, mas, em virtude da greve da polícia, não consegui completar nenhuma ligação.
Depois, desci de carro até um posto policial em frente à Praia do Futuro, no qual fui recebido por um policial muito educado, com arma em punho. Comuniquei do acidente, da necessidade de ter um policial para proteger as vítimas e o patrimônio delas, no que ele me respondeu que não poderia abandonar o posto, porque se não bandidos furtariam o rádio de comunicação. Informou ainda que o seu colega foi apurar um homicídio à bala próximo ao local do acidente e, tão logo desocupasse, iria lá "averiguar a ocorrência".
Nem se quer outros policiais podiam ser chamados, porque estaria fora da sua área de atuação.
Após alguns longos segundos boquiaberto, me imaginei na posição daquelas meninas, abandonadas à própria sorte.
Enfim, retornei ao local do acidente para sugerir transportar as vítimas para algum hospital, e abandonar o carro lá. O prejuízo iria ser tão somente patrimonial com essa providência.
Felizmente, ao voltar, já estava uma motopatrulha com as meninas.
Uma situação como essas, cujo absurdo beira o inimaginável, expõe as vísceras do nosso Estado. Sem dúvida, estamos entregues à nossa própria sorte, ou azar, sabe-se lá! Se sofremos um acidente, ninguém pára pra socorrer. O problema não é a falta de humanidade, mas sim, o medo de socorrer e acabar sendo assaltado. E, quando se presta socorro, as autoridades simplesmente não tem como ofertar um serviço digno, razoável, necessário, em virtude da má administração e cegueira política de nossos dirigentes.
Confesso que toda essa cena, causou-me um grande embaraço de cidadania. Razões, obviamente, óbvias.
E viva o Ronda do Quarteirão, o aparelhamento das polícias, seus "gordos" salários, suas fardas a la Lino Vilaventura (é assim que se escreve?).
Me dá até vontade de perguntar: onde estão as "Bichonas"?
2 comentários:
...é por esses e outros motivos que tirei minha carteira, já até renovei, mas não tem quem me faça pegar na direção. Medo¿ Não, terror.
Parabéns pela atitude cidadã.
Julieta.
;)
Pois, Jório. Parece que a dinastia e seus apadrinhados que vêm desempenhando o governo do Estado não tem feito seu dever de casa.
E não há espaço para discursos políticos, nem partidários. O que se observa é o desmantelo não só das Instituições públicas, mas o enfraquecimento da malha de segurança (sentido lato) estatal.
Nesse contexto, impera o desespero, que diminui o espaço-tempo da cidadania.
Lamento muito... Tenha cuidado por aí.
Grande abraço,
Antônio.
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